sábado, 22 de fevereiro de 2014

ESTADO DO VÓRTICE (VRS)

Muitas vezes considerado como o equivalente ao estol de uma aeronave de asa fixa, o estado de vórtice é uma condição de voo, com motor, em que o helicóptero "perde" seu próprio fluxo de rotor.
Como resultado, a razão de descida (ROD) aumenta rapidamente (em princípio pelo menos três vezes o Rate of Descent (ROD) antes do surgimento do estado de vórtice) para uma mesma potência do motor.

Condições do estado de vórtice

Um estado de vórtice pode ocorrer em caso de descida em voo com motor em velocidade inferior a 30kts com uma razão de descida (ROD) próxima da "velocidade de deflexão" do rotor principal.
A velocidade de deflexão ou velocidade induzida é definida como a velocidade do fluxo de ar aspirado aspirado através do disco rotor (fórmula de Froude). A velocidade induzida depende do tipo de helicóptero e de seu peso bruto. Por exemplo, um helicóptero de três pás com um diâmetro de rotor de 10,69m e um peso de 2.250kg teria uma velocidade induzida de 10m/s (2.000 pés/min). Enquanto para um helicóptero de duas pás com um diâmetro de rotor de 11m e peso de 1.000kg, a velocidade induzida é de 6,5m/s (1.300 pés/min).

Portanto, embora o estado de vórtice dependa do tipo de helicóptero e de seu peso, a razão de descida é geralmente considerada como perigosa quando excede 500 pés/min.

Efeito do estado de vórtice

* Vibrações quando os vórtices deixam as extremidades das pás.

* Comandos de arfagem e de rolagem menos sensíveis (suaves) por causa do fluxo de ar instável que modifica constantemente o impulso e o momento do comando.

* Flutuações na demanda de potência (torque ou MAP) resultantes do fato de que modificações importantes do arrasto provocam variações no empuxo.

* Razão de descida anormalmente elevada quando o vórtice está em desenvolvimento e pode exceder os 3.000 pés/min.

Recuperação do controle pelo piloto em estado de vórtice

A recuperação do controle pode ser feita agindo sobre o cíclico e/ou o coletivo. No entanto, de acordo com o sistema de rotor, uma ação somente no cíclico pode ser insuficiente para modificar a atitude do helicóptero e aumentar a velocidade. Também é possível recuperar o controle do helicóptero reduzindo o coletivo para o passo mínimo. Contudo, a perda de altura durante a recuperação do controle pela redução do passo coletivo é superior à perda correspondente de altura pela ação no cíclico devido ao fato de que a razão de descida em autorrotação com baixa velocidade é muito alta.
Portanto, as ações seguintes, de recuperação do controle, devem ser executadas no início para minimizar a perda de altura:

* Deslocar o manche cíclico efetivamente para a frente para obter uma atitude de aceleração (de acordo com o sistema de rotor, a atitude para mergulho recomendada pode variar) e aumentar a velocidade.

* Se for impossível obter uma atitude de aceleração, diminuir o coletivo para entrar em autorrotação e depois deslocar o manche cíclico para a frente, como necessário para aumentar a velocidade.

Evitar o estado de vórtice

Pelo fato de as ações de recuperação do controle resultarem em perda de altura considerável, é imperativo evitar o estado de vórtice, especialmente quando se está perto do chão. Portanto, uma razão de descida superior a 500 pés/min para una velocidade inferior a 30kts, em voo com motor, deve ser evitada.

Portanto, as operações seguintes devem ser executadas com a mais extrema cautela:

* Reconhecimento e aproximação de uma área reduzida.

* Aproximação contra a direção de vento (vento de proa).

* Aproximação em zonas com inclinação forte para terreno inclinado.

* Voo pairado fora do efeito solo (HOGE).

* Recuperação do controle da autorrotação em baixa velocidade.

* Paradas rápidas sob vento, com vento de proa.

* Fotografia aérea.




Pilotos de helicóptero prestem especial atenção nas recomendações emitidas pelo European Helicopter Safety Team (EHEST) para evitar o estado de vórtice.
Sempre lembrem que a segurança e o êxito de seu voo, dependem das atitudes e das decisões corretas que vocês sejam capazes de levar à prática, por conseguinte, sempre estudem detalhadamente seu voo antes de começá-lo, isto marcará a diferença entre o sucesso ou não do mesmo.

No link a seguir mostra um exemplo real de VRS com um final que poderia ter sido bem pior...

http://www.youtube.com/watch?v=mP72wdgq5PU


VOE COM SEGURANÇA!


Flavio Moreno
Equipe Segurança da Aviação Civil



Fonte:
- European Helicopter Safety Team (EHEST). Considerações de Segurança, Métodos de Aprimoramento das Aptidões dos Pilotos de Helicóptero, Livreto de Treinamento. Tradução: Área de Segurança Operacional da Helibras.




1 comentário:

  1. Caramba, acabei de enviar um material sobre o mesmo assunto para os pilotos aqui do NOTAer esta semana e me deparo com esse post. Parabéns.

    Abraços.

    Pablo

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