sábado, 2 de novembro de 2013

COLISÃO COM PÁSSAROS: Todos podemos ajudar na diminuição!

A probilidade de colisão com pássaros constitui-se em um risco real e importante para a segurança da nossa aviação podendo resultar em, por exemplo, perda de vidas, aeronaves paradas para manutenção ou substituição da aeronave, marketing negativo, danos ao meio ambiente. 




* O que é colisão com ave (ou outro animal)?

Segundo o Plano Básico de Gerenciamento do Risco Aviário (PCA 3-2):

"Evento em que ocorrer uma das situações descritas a seguir: piloto reportar ter colidido com uma ou mais aves; pessoal de manutenção identificar danos em aeronave e houver restos de material orgânico; pessoal de solo reportar que visualizou impacto de aeronave com animal (is); carcaça (s) de animal (is) for (em) localizada (s) em até 20 metros das laterais de uma pista de pouso ou de táxi; ou em pontos situados até 50 metros das cabeceiras de uma pista de pouso; ou a presença de animal (is) na área de movimento do aeródromo exercer efeito significativo sobre a operação das aeronaves, como, por exemplo, uma abortiva da decolagem ou saída da aeronave pelas laterais ou cabeceiras da pista, etc.
Quando existir outro motivo aparente para a morte do animal (is), a (s) carcaça (s) encontrada (s) na área de manobras não será (ão) consedirada (s) oriunda (s) de colisão com aeronave. No entanto, tal avaliação requererá pessoal capacitado." 

É muito importante gerenciar o risco aviário pois o potencial destrutivo de colisão com uma ave é muito grande, por exemplo, uma aeronave voando a 130 nós (66,87 m/s), ao colidir com um urubu-de-cabeça-preta mediano adulto, pesando 1,6 kg, sofrerá um impacto de quase 3600 quilogramas-força-metro, que significa, na prática, o mesmo que 3,6 toneladas caindo de 1 metro de altura. Após a decolagem, por exemplo, uma aeronave que colidisse com a mesma ave, voando a 250 nós, receberia um impacto de mais de 13 toneladas.
Essa situação não significa que a aeronave será derrubada, pois existem testes para homologação, em especial para as de transporte de passageiros, que seguem padrões internacionalmente aceitos. Um destes é o Federal Aviation Regulation (FAR) 33.76, que trata sobre a ingestão de aves. Nele, pode ser observado que os motores devem suportar a entrada de 3,6 kg, ou seja, dois urubus. 




Entre os anos de 2006 e 2010 aconteceram 3239 eventos, dos quais 1195 apresentaram a altitude identificada.
O 92,46% (1105) dessas 1195 colisões aconteceram entre 0 e 3000 ft
A maior incidência acontece durante o periodo do dia devido a que a maioria das aves envolvidas nas colisões, possuim atividade diurna.
As fases do voo onde foram registradas a maior quantidade de colisões foram, na ordem decrescente:
     - Pouso
     - Decolagem
     - Aproximação final
     - Subida
     - Descida
     - Táxi
     - Cruzeiro
     - Tráfego

Ao redor de 88% dos registros correspondem as fases mais críticas do voo: pouso, decolagem e aproximação final.
De acordo com o publicado pelo CENIPA, até o dia 31 de dezembro do ano 2012 foram registradas 1672 colisões.

Devemos ser cientes da importância de reportar todos os eventos de colisão, quase colisão ou avistamento, com o maior detalhamento possível, pois o gerenciamento do risco aviário, para ser eficiente, deve contar com ações locais de coleta de dados e da observação dos fatores atrativos, considerando-se que as aves , como qualquer animal, sempre procurarão instintivamente saciar suas necessidades básicas, como: alimento, água, locais para descanso e procriação.
Desse modo se forma a base de dados sobre determinado aeródromo, permitindo ações preventivas com conhecimento das características próprias que afetam o risco aviário em cada localidade.




* Quais as medidas de controle que podem ser empregadas pelo piloto para reduzir o risco de colisão?

O piloto deverá empregar as seguintes medidas:

      - Uso dos faróis/radar/estrobe
     - Seleção da rota 
     - Redução da velocidade
     - Cabrar o avião se ver o pássaro
     - Atenção no espaço aéreo


* Quais as técnicas para reduzão das aves na área dos aeroportos?

Existem técnicas efetivas que, de forma geral, dividem-se em três categorias: 

1- A modificação do ambiente tornando-o não atrativo para as aves
2- A utilização de medidas para afugentamento das aves
3- Como último recurso, a redução da população de aves




É necessário admitir que o risco aviário existe e sempre existirá, pois sua eliminação não é possível, só é viável gerenciá-lo, e isso se faz exequível com a nossa contribuição através da geração dos reportes.

Um dos acidentes mais famoso e de maior destaque até hoje foi o acontecido no ano de 2009 em Nova York, quando o piloto do Airbus A320 da US Airways, minutos depois de decolar, teve que pousar no rio Hudson como consequência der ter ficado sem potencia nos dois motores após colidir com um bando de gansos. 




- No seguinte link encontra-se o reporte online de eventos de interesse com fauna do CENIPA que devemos preencher para registrar o acontecido:


- Para registrar a identificação de focos de atração de aves na área do aeródromo, completar a seguinte planilha e enviá-la pelo CENIPA via email de acordo com o indicado no final da mesma: 


- Também é possível conhecer e fazer o seguimento dos reportes no SIGRA-Sistema de Gerenciamento de Risco Aviário: 




Flavio Moreno


Fontes:
- Site www.cenipa.aer.mil.br - Risco Aviário:
* Risco Aviário - Básico Prevenção - CENIPA
* 10 mitos sobre colisões com aves e outros animais
* Francisco José de Azevedo Morais, Evolução do Risco Aviário no Brasil entre 2006 e 2010: Estatísticas e Probabilidades. 
Anotações da aula de Segurança de Voo I, Universidade Estácio de Sá.

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